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na academia

novembro 1, 2013

Como um gesto, giro ou movimento fragmentado ou desconectado de sua forma original, fica desconexo e prescinde de sentido. Mas, ao ver a dança de dois experientes, tudo ganha outra cor e beleza, como essa roda de capoeira que ora presencio.

A música dá mais vida e enfatiza o balé saudoso da mãe África, com um jogo vibrante de pernas, mãos e pés. Realmente os noviços são desengonçados, feito filhotes em seus primeiros passos.

 E o mundo, em seus ínfimos recortes, até se revela agradável,, principalmente ao emular a vida em estados primevos, ao imitar a natureza em traços atávicos humanos.

Assim, assistindo  a essa profusão de repetições, descobertas e insignificâncias através dos séculos, lembro-me de meu amigo Wellington de Faria, que poderia exclamar neste momento vendo os nossos iguais: “vive-se alegremente…”

 E só um riso ou lembrança insana me fariam voltar a me conectar ao meu tempo e concluir que o tempo tanto passou que já trocaram o relógio (analógico?) da parede por um digital, agora tão pequeno..  pequeno como o que fazemos na maior parte do dia, obrigando-nos a sacar óculos ou lente de aumento para topar com a saída do labirinto, com uma muleta ou acordar pra fazer o restante dos exercícios na academia (com a infinitamente minúsculo) e cessar as divagações e a enxurrada de palavras ….

mas , olhando uma última vez, o esforço de muitos aqui despertaria a curiosidade ou a inveja de Sísifo: Dante poderia pintar o inferno pós moderno, vazio, seco à base de ventiladores com auto-castigos e caretas bem treinadas. Arre, chega!

Cadê a mistura, água dodecagenária da Escócia com a essência líquida do coco? Se estivesse em casa, nenhuma linha se prontificaria , nem um fiozinho de verbo correria…

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