Pular para o conteúdo

OBSESSÃO CINZA

maio 25, 2012

Image

Postei-me para o cinza pluvial

Botei uma cadeira de frente pra avenida

pra não ouvir mais nada

Os carros, milhares, desapareciam

do meu campo de visão

como se despencando do quadro, caíssem no inferno

me comprazia vê-los indo embora

realçava-os a fumacinha que o asfalto emanava

(deuses nas máquinas?)

(deus ex machina?)

 

Uma brisa fresca arrepiava os pelos

e balançavam orquídeas mortas

Desse lado, felizmente, nenhum pássaro trinava

só os motores ensurdecedores

com seus cantos de partida

 

Obsessão pelo cinza

(síntese da noite e do dia)

a cor da face  da cidade

A ingenuidade acabou e o sonho

nas maçãs rosadas ( que dó)

nos rostos ousados

o ozônio e o pó

 

Oh, Cinza!

Teias de minha paisagem (trançam e transam os olhos)

O bicho da seda arrasta o casulo

Nada em vão

Metamorfose, passagem

para o fim da civilização

No comments yet

Deixe um comentário