Depois que o sol se for
Um rumor de bichos livres que procuram abrigo
calma escuridão
Um galope cego, entre sons noturnos, brenha, uma visão
Se acaso o rumo se perder, solte-se à amplidão
do espaço além da razão e o que mais lhe deter
deixe o tempo derreter (e fugir de suas mãos)
A natureza em fúria varre paisagens, certezas,
do espanto fez-se amor!
A tempestade nubla os sentidos, desenha margens, êxtase e pavor.
Nada sei sobre o amanhã, o que é perene e o que não…
Se a beleza fenecer depois que o sol se for,
jamais terá sido em vão.
Transmutar-se em canções, cheiros, calor,
Trazer em si restos de estrelas,
marcas vitais.
Se o futuro é incerto, não há mais pressa,
descansa a cabeça até esquecer
O que há de vir não importa, o destino prega peças sem querer
Não vale a pena padecer antes da dor chegar
Cada um carregará a sua própria luz
Quando o céu escurecer (estaremos nus)